ESPECIAL: Jogadores que fizeram história no Corintians/Asiba: Bernardo Cassassola (Edição #1)
24 de setembro de 2020Ala corintiano fez parte da geração que conquistou os últimos dois títulos estaduais do clube santa-mariense
O Corintians/Asiba é um dos clubes mais importantes da história do basquetebol gaúcho. Respeitado pelos rivais e apontado como um dos principais centros formadores de atletas, o clube alviverde foi o responsável por Santa Maria viver os seus tempos áureos da modalidade, elevando o nome do município ao topo do estado e também no cenário nacional, e por manter viva a paixão e tradicional da bola laranja.
Em 88 anos de existência foram muitos títulos, conquistas e feitos relevantes, marcas significativas alcançadas e claro, ídolos e figuras marcantes que estão eternizados nesta trajetória que ruma para um século. E assim como qualquer grande clube toda esta história e biografia foi forjada por alterosos atletas, treinadores, diretores e profissionais que passaram pelo Ginásio Saul José Machline seja dentro e fora da quadra.
Eternamente gratos à aqueles que vestiram a camisa alviverde com lealdade, o Corintians/Asiba junto com o EsporteSUL preparou mais uma série de reportagens para relembrar e principalmente enaltecer parte desses nomes que tanto contribuíram e ainda contribuem para este nobre e pujante enredo da equipe corintiana.
E após o bate-papo com os célebres técnicos Flavio “Wella” e Alexandre “Rato” chegou a vez de entrarmos dentro de quadra para saudar agora parte desses jogadores importantes que defenderam com fidelidade as cores do time quase nonagenário. Entre eles Bernardo Cassassola, hoje com 27 anos e estudante do último ano de medicina da UFN, que relembrou com orgulho os oito anos consecutivos que atuou no Corintians e os feitos eternizados por ele e seus companheiros.
Após marcar suas primeiras cestas na escolinha do Colégio Marista Santa Maria, onde era treinado justamente pelo corintiano Alexandre “Rato”, Bernardo foi logo convidado para ingressar no Corintians quando ainda tinha 11 anos de idade, em 2004. Dali então foram oito anos consecutivos do ala no Ginásio Saul José Machline passando por todas categorias, da pré-mirim até o juvenil, e todas tendo o técnico alviverde Catila como comandante.
Pelo clube santa-mariense Bernardo foi campeão estadual sub-14 e também campeão estadual sub-15, em 2007 e 2008, justamente os últimos dois títulos gaúchos conquistados pelo Corintians. O sucesso também foi repetido na Seleção Gaúcha, que integrou por quatro anos e registrou quatro participações no Campeonato Brasileiro de base na divisão especial, com melhor marca um terceiro lugar, e também um campeonato Sul-Brasileiro, no qual faturou o título pelo Rio Grande do Sul.
Dados e números que exemplificam porque Bernardo e sua geração são apontados como um das classes mais vencedores da história do clube e do basquete do Coração do Rio Grande.
Confira abaixo alguns dos principais trechos da conversa com o ex-ala Berbardo Cassassola:
– MOMENTOS MARCANTES NO CORINTIANS
“Eu destaco três momentos, que para mim foram bem marcantes. O primeiro em 2006, na categoria mirim, nascidos em 93, onde jogávamos o primeiro campeonato estadual daquele time. Tivemos uma campanha muito boa logo de saída. Foram 14 partidas e perdemos apenas uma na fase classificatória. No quadrangular final, aqui em Santa Maria, na partida final com o CEAT/Bira de Lajeado sofremos uma derrota por um ponto no minuto final. Foi um momento e ano muito marcantes, porque com 13 anos já tivemos um aprendizado enorme. Não adianta ser campeão o ano inteiro, ganhar de todo mundo e chegar na final e perder no último lance. E naquela passagem de 2006 para 2007 os treinos acabavam com o fim do Estadual, porém não tivemos férias, combinamos de passar o verão jogando, treinando e ano que vem teríamos que ser campeões de qualquer jeito. E dito e feito. Aquele verão quem teve férias foi o Catila (risos), nós continuamos jogando, com 14 anos não paramos de jogar. A derrota foi bem difícil de engolir, mas acho que veio o primeiro marco: a determinação que tivemos que ter na virada de 2006 para 2007.
Em 2007 veio outro grande momento. Treinamos muito e começamos o Campeonato Estadual com outra campanha muito boa, novamente em primeiro lugar e sediamos novamente o quadrangular final. O mais marcante deste ano foi que reencontramos o time que havia ganhado da gente no último minuto por um ponto um ano antes. Estávamos com tanta vontade, nos dedicamos tanto, esperávamos tanto aquele momento, que o placar do jogo foi 86 para o Corintians e 26 para o CEAT/Bira. Ganhamos os três jogos do quadrangular e saímos campeões pela primeira vez, colocando fim aos 14 anos que o Corintians não era campeão estadual.
E o terceiro momento mais marcante foi o ano seguinte, em 2008, na categoria infanto, que experimentamos a sensação de ser a equipe a ser batida em todo estado. Foi mais difícil. Encerramos a fase classificatória em segundo lugar, mas fomos campeões novamente. Ganhamos o jogo 1 da final contra o Ginasta, de Novo Hamburgo, em Santa Maria, perdemos o jogo 2 da final em Novo Hamburgo e no jogo 3, o decisivo, conseguimos sair campeões na casa deles.”
– O QUE CORINTIANS REPRESENTA NA SUA VIDA?
“Se precisasse resumir toda essa passagem no Corintians, no basquete, eu diria que foi um imenso aprendizado. São momentos de vitórias, de comemoração, momentos de decepção, mas que acima de tudo que temos que entender que o coletivo, o apoio dos colegas de equipe, técnicos e familiares, aliado a determinação é o que vai fazer alcançarmos o que desejamos. Ninguém conquista nada sozinho, até nos esportes individuais. Um tenista multicampeão precisou de alguém para mostrar pra ele como se deve bater perfeitamente na bola. Talvez ele não precise de alguém para ajudar a erguer a taça, mas precisou de alguém para ajudar que chegasse até lá, até receber esta taça. Acho que isso é a coisa mais importante que representa na minha vinda, esta coletividade. Entender tudo que é necessário para conseguimos chegar em um objetivo. O basquete é um esporte que traduz muito bem isto aí.
E claro, as amizades representam muito. Isso ajuda reforçar que além de ser uma equipe tu tem amigos ali. É muito bom manter as amizades daquele tempo. Era os treinos, os finais de semana que deixávamos de aproveitar qualquer outra coisa para jogar ou treinar. Tenho certeza que ninguém se arrepende disso e se pudesse voltava atrás no tempo para viver de novo.”
O QUANTO ATUAR NO CORINTIANS E O BASQUETE INFLUENCIARAM NA VIDA?
“O basquete, em especial, ensina muito a tomada de decisões rápidas, requer muita determinação, coloca os jogadores na pressão tanto na defesa como no ataque em todo tempo. É um esporte muito dinâmico, com trocas ilimitadas e tu tem que estar focado, tem que estar dando o máximo de si. Se tu cansar, não tiver muito atento o técnico vai mudar, vai colocar outro cara que esteja pronto para dar 100% também. E hoje, mesmo que inconsistentemente, toda esta passagem ajuda a moldar e influenciar minha personalidade no dia a dia, seja em tomadas de decisão, aguentar pressão, saber escutar pessoas experientes e saber lidar com críticas. Não ter um baixo linear de frustração. Temos que saber lidar com aquilo, trabalhar aquilo na cabeça, saber dar a volta por cima. Isso o basquete ajuda muito.”
– RECADO PARA O ATUAL ELENCO DE ATLETAS, COMISSÃO TÉCNICA E DIRETORES DO CORINTIANS/ASIBA
“Para os atletas digo para aproveitarem muito esta fase. É muito legal. Se esforcem sempre para saberem que deram o melhor de si, não se arrependam de não ter dado um pouquinho mais de fôlego naquela partida, valorizar os momentos com companheiros de equipe, dentro e fora da quadra. Nesta idade não percebemos o quanto rápido ela pode ser. Parece até clichê, mas essa época não volta e é muito legal. O Corintians faz um trabalho muito importante de formação e de educação que com certeza levamos pro resto da vida. Só agradecer eles a fazer tanto pelo basquete de Santa Maria. O reconhecimento e resultados vão continuar a vir em consequência desta dedicação e de todo trabalho.”
